
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, onde vivia há décadas. Segundo a família, a causa da morte foi uma leucemia grave, que resultou de um tipo de malária contraído pelo fotógrafo há 15 anos.
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Natural de Aimorés, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, Salgado teve sua obra profundamente influenciada pela infância no meio rural brasileiro.
Formado em Economia, iniciou a carreira fotográfica no início dos anos 1970, já na França, país onde construiu sua trajetória profissional e pessoal.
Ao longo de mais de cinco décadas, Salgado conquistou reconhecimento internacional por suas emblemáticas imagens em preto e branco, que retrataram tanto a grandiosidade da natureza quanto as tragédias humanas.
Malária
Sebastião Salgado contraiu malária numa de suas viagens à Indonésia, em 2010, enquanto realizava reportagens fotográficas em regiões remotas e de difícil o, marcadas por condições sanitárias precárias e alto risco de doenças tropicais.
Ele mencionou esse episódio em diversas entrevistas, ressaltando como a experiência afetou sua saúde a ponto de fazê-lo fez repensar sua trajetória profissional e se dedicar mais à fotografia da natureza e ao projeto de reflorestamento no Instituto Terra, no Brasil.
Trajetória de um dos maiores fotógrafos do mundo
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em 8 de fevereiro de 1944, na cidade de Aimorés, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Criado em meio à natureza e à vida rural, desenvolveu desde cedo uma sensibilidade especial para as questões sociais e ambientais, que mais tarde marcariam profundamente sua obra fotográfica.
Formado em economia, Salgado iniciou sua carreira profissional como economista, com agens por instituições importantes, como a Organização Internacional do Café, que o levou a viajar por diversos países da África. Essas viagens despertaram nele o interesse pela fotografia, que começou a praticar de forma autodidata no início da década de 1970, após mudar-se com a esposa, a arquiteta e curadora Lélia Wanick Salgado, para Paris, onde ou a residir definitivamente.
Em 1973, Salgado abandonou a carreira de economista para se dedicar integralmente à fotografia. Trabalhou inicialmente para agências como Sygma e Gamma, mas foi na prestigiosa Magnum Photos que consolidou seu nome, realizando reportagens fotográficas de impacto ao redor do mundo. Seu estilo se caracterizou pelo uso do preto e branco e por composições densas e expressivas, que aliam rigor estético e profundo compromisso social.
Ao longo de mais de cinco décadas de trajetória, Salgado documentou migrações humanas, conflitos armados, crises de fome e desastres ambientais em diversos continentes, sempre com um olhar humanista. Entre seus projetos mais emblemáticos estão as séries "Outras Américas" (1986), sobre povos marginalizados da América Latina; "Trabalhadores" (1993), que retrata o trabalho braçal em várias partes do mundo; e "Êxodos" (2000), dedicado aos movimentos migratórios contemporâneos.
Nos anos 2000, diante do desgaste emocional causado pelas cenas de sofrimento humano que presenciou, Salgado voltou seu foco para a natureza e a preservação ambiental. Assim nasceu "Gênesis" (2013), uma celebração das paisagens, animais e povos ainda preservados da ação predatória do homem. Em paralelo, ele e Lélia criaram o Instituto Terra, uma ONG dedicada à recuperação ambiental da Mata Atlântica em sua região natal.
Sebastião Salgado recebeu inúmeros prêmios e homenagens internacionais, consolidando-se como um dos maiores fotógrafos documentais do mundo. Sua trajetória foi celebrada no documentário "O Sal da Terra" (2014), dirigido por Wim Wenders e por seu filho Juliano Ribeiro Salgado, que ampliou ainda mais o reconhecimento global de sua obra. Salgado faleceu em Paris, aos 81 anos, deixando um legado artístico e ético de imenso valor para a fotografia e para a reflexão sobre o planeta e a humanidade.
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