Os primeiros casos autóctones do sorotipo 4 da dengue foram registrados na cidade de Bauru. Isso acende um alerta para todo o sistema de vigilância em saúde, pois como há muito tempo esse sorotipo não circulava na cidade não temos no município a imunidade coletiva para esse sorotipo.
Imunidade coletiva ocorre quando um grande número de pessoas adquirem anticorpos para determinada doença bloqueando sua transmissão, quanto mais pessoas imunes houver na população, menor será a transmissão da doença. No caso do sorotipo 4 da dengue isso não ocorre em Bauru aumentando a suscetibilidade da população para a doença.
O mosquito Aedes aegypti é o principal vetor de doenças como febre amarela, dengue, chikungunya e zika vírus, sendo um grave problema de saúde pública no Brasil. Em Bauru, essa realidade não é diferente.
O serviço de saúde, já sobrecarregado e com dificuldades para atender à demanda diária, corre o risco de colapsar caso medidas urgentes não sejam tomadas. A disseminação das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti está aumentando exponencialmente, e algumas cidades próximas já enfrentam uma grave epidemia.
As doenças causadas pelo mosquito deixam um rastro de dor e sofrimento, sem distinção de classe social ou faixa etária. Crianças, adultos e idosos estão igualmente vulneráveis e, dependendo de fatores como comorbidades, podem desenvolver quadros mais graves.
Pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como idosos, crianças menores de dois anos, gestantes, diabéticos, hipertensos e indivíduos com problemas cardiovasculares, fazem parte do grupo de risco. Se contaminadas, podem evoluir para estágios mais severos da doença, necessitando de intervenção médica imediata e, em alguns casos, internações.
O sistema de saúde não está preparado para absorver uma demanda desse nível. Estudos alertam para os impactos negativos na qualidade de vida dos acometidos, além das consequências no sistema de saúde e na economia. As doenças são incapacitantes, afastando trabalhadores de seus postos, gerando prejuízos financeiros. Mesmo após a fase crítica da infecção, sequelas podem persistir por meses, impedindo a retomada das atividades normais.
Além disso, o mesmo mosquito pode transmitir os quatro sorotipos da dengue, além da zika e chikungunya. Isso significa que um único vetor é responsável por seis doenças debilitantes. Diante desse cenário, torna-se urgente a implementação de medidas para conter a proliferação do Aedes aegypti.
A boa notícia é que uma ação simples pode prevenir todas essas doenças: a eliminação dos criadouros do mosquito. No entanto, essa tarefa só será eficaz com o comprometimento conjunto da população e do poder público.
Embora a erradicação do mosquito seja a maneira mais eficiente de evitar as doenças, não é uma tarefa fácil. Para prevenir epidemias, é essencial a colaboração de todos - cidadãos, agentes públicos e políticos. Pequenas atitudes fazem a diferença, como:
• Vistoriar quintais pelo menos uma vez por semana;
• Manter caixas d'água vedadas e calhas limpas;
• Eliminar recipientes que possam acumular água;
• Colocar areia nos pratinhos de vasos de plantas;
• Tratar a água de piscinas e espelhos d'água com cloro;
• Cuidar de ralos que possam reter água.
Além dessas medidas, é fundamental a conscientização coletiva. Cada cidadão deve fazer sua parte e também incentivar os vizinhos a adotarem as mesmas práticas, criando um senso de responsabilidade comunitária.
O poder público, por sua vez, deve intensificar ações de combate e fiscalização, afinal, nenhum gestor público quer ser lembrado como aquele que deixou de fazer o que deveria ser feito. A população precisa colaborar inspecionando seus quintais, recebendo os agentes de endemias e seguindo as orientações fornecidas.
É urgente que todos compreendam que a rua deve ser tratada como extensão de suas casas. Nenhuma ação do governo terá sucesso sem a participação ativa da população. O combate ao mosquito não pode ser visto como uma responsabilidade exclusiva do poder público.
Se esperarmos ivamente por soluções governamentais, muitas pessoas adoecerão, algumas perderão a vida, e qualquer um de nós poderá ser a próxima vítima dessas doenças devastadoras.
A responsabilidade é compartilhada.
Somente com a união entre população e poder público será possível vencer essa batalha contra o Aedes aegypti.