Nos últimos dois meses, tive cinco funcionários afastados por dengue. Essa situação é extremamente preocupante por dois motivos: primeiro, pela saúde e bem-estar dessas pessoas, que têm famílias, responsabilidades e, em casos mais graves, podem até deixar dependentes desassistidos. Segundo, pelo impacto direto que essas ausências causam na operação da empresa, forçando-nos a suspender ou até cancelar serviços por falta de pessoal.
Se fosse um episódio isolado, seria compreensível. Mas este já é o terceiro ano consecutivo em que enfrentamos o mesmo problema. Isso mostra que não estamos lidando com uma eventualidade, mas sim com uma falha recorrente de gestão e prevenção por parte do poder público.
A população faz sua parte, cuidando de quintais e evitando água parada. Mas de que adianta esse esforço se a prefeitura não cumpre sua responsabilidade? Bauru está repleta de terrenos baldios e praças públicas abandonadas, cobertas por mato alto e lixo - verdadeiros criadouros do mosquito da dengue. Não há uma política eficaz de limpeza urbana, nem tampouco ações preventivas coordenadas de combate ao mosquito.
Além disso, a cidade sofre com a baixa quantidade de agentes de endemias. Segundo matéria publicada no JCNET em 25/04/2025, a prefeitura anunciou a contratação de 60 novos agentes. No entanto, até o momento (06/05/2025), nenhuma contratação foi efetivada. Atualmente, Bauru conta com apenas 167 agentes, quando o necessário seriam 474 para cobrir adequadamente toda a cidade - ou seja, estamos operando com apenas 35% do efetivo ideal. Isso é inaceitável.
Do dia 25/04 ao dia de hoje (06/05) teve um aumento de 1.664 casos, conforme site do estado de SP.
Como empresário, reforço ainda a preocupação com os impactos econômicos. O setor produtivo já foi duramente atingido pela pandemia da COVID-19, e agora, em pleno processo de recuperação, continuamos perdendo força de trabalho por conta de doenças que poderiam ser evitadas com ações básicas de saúde pública.
E o pior: logo mais enfrentaremos outro problema crônico - a falta de água. Nada foi feito em relação ao aprofundamento do Rio Batalha ou à perfuração de novos poços. Estamos vendo os mesmos erros se repetirem ano após ano.
Por isso, faço um apelo à prefeitura e aos órgãos competentes: intensifiquem a limpeza dos terrenos públicos, fiscalizem os imóveis abandonados, realizem mutirões de combate à dengue e, principalmente, agilizem a contratação dos agentes de endemias.