COLUNISTA

O Bom Pastor dá a Vida por suas Ovelhas

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 4 min
Bispo Emérito de Bauru

O trecho evangélico da santa Missa deste Quarto Domingo da Páscoa apresenta a última parte do tema do Bom Pastor em São João 10, 27-30. "As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna, e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um". Antes Jesus tinha se apresentado como o verdadeiro Pastor que conhece suas ovelhas e lhes dá segurança sendo ele a porta de entrada para o redil. E se anunciara como o Bom Pastor que dá sua vida pelas ovelhas. Também explicara dizendo que os mercenários não têm amor pelas ovelhas, as abandonam e fogem quando vem o lobo. Enquanto ele, ao contrário, dá a sua vida por elas. Lembrara ainda que ele tem outras ovelhas que não o conhecem, mas que é seu dever pastoreá-las e conduzi-las, as quais escutarão a sua voz e formarão um só rebanho com um só pastor. Dissera que por essa sua entrega o Pai o ama, mas "Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho o poder de entregá-la e tenho o poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai". A declaração de Jesus quanto à sua soberania divina de "retomar a vida" se assenta sobre esta sua união entre o Pai e o Filho e no amor que o Pai tem para com o Filho e o Filho para com o Pai. Tendo em vista este amor e união entre Ele e o Pai, Jesus, livremente, com todo o poder dá a sua vida como também poderá retomá-la como e quando quiser. A ressurreição de Jesus, que celebramos neste tempo pascal, deve ser vista como um "retomar a vida", uma prova de que o ressuscitado não foi uma vítima de uma trama puramente humana. Mas como pessoa divina ele, espontaneamente, ofereceu-se para cumprir a vontade do Pai e operar a salvação da humanidade, morrendo na cruz. E com autonomia e poder divinos retomou a sua vida, ressuscitando ao terceiro dia. Esta é a grande revelação da ressurreição, a obra divina por excelência: morrer para perdoar os pecados e dar vida, divina, plena e eterna. Eis porque cremos que Jesus é para sempre o Bom Pastor enviado pelo Pai para dar a nós, suas ovelhas, a vida em abundância. E porque este domingo é Dia Mundial de oração pelas vocações sacerdotais e religiosas, sendo convidados a oferecer nossas orações primeiramente por nossos pastores, os bispos, os padres e os diáconos, que receberam de Deus a importante missão de participar do pastoreio do único e verdadeiro Bom Pastor, depois pelos ministros não ordenados, todos os fiéis leigos e leigas investidos nos mais diversos serviços de coordenação e animação da vida litúrgica e sacramental, pastoral e evangelizadora, da caridade e da promoção humana como discípulos e missionários do Bom Pastor. Por tudo isto este quarto domingo da Páscoa é chamado do Bom Pastor. Na primeira leitura desta santa Missa - Atos 13,14.43-52 - São Lucas conta que Paulo e Barnabé receberam do Senhor esta ordem: "Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação aos confins da terra... Os discípulos, porém, ficaram cheios de alegria e do Espírito Santo", porque o Bom Pastor é toda a Igreja, somos todos e cada um de nós, cristãos batizados, enviados a iluminar com a luz do Evangelho todo homem que vem a este mundo. Na segunda leitura, o autor do Apocalipse, em Ap 7,9.14b-17, disse que o Cordeiro de Deus imolado é maior do que o mal presente no mundo. É Ele quem reuniu e reúne o seu povo de todas as línguas e nações. A multidão dos mártires do ado e dos que virão são as primícias da glória ao Cordeiro. As leituras bíblicas deste domingo demonstram porque Jesus é o Bom Pastor, o "Caminho, a Verdade e a Vida". Escutando a voz do Bom Pastor e o seguindo, entramos em comunhão com Cristo e com o Pai, conforme disse "Eu e o Pai somos um".

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