OPINIÃO

As florestas comerciais e a proteção ambiental

Por Sidney Aguiar |
| Tempo de leitura: 2 min

As florestas comerciais de eucalipto destinadas ao processamento industrial têm crescido muito nos últimos anos no Brasil e aberto espaço em regiões onde antes eram praticamente impensáveis de ter essa cultura, por barreiras ambientais, principalmente. O Estado do Mato Grosso do Sul é exemplo dessa abertura de novas zonas de produção e cultivo de florestas comerciais, formando no Estado o chamado vale da celulose.

Para isso, muitas pesquisas e melhoramentos genéticos foram desenvolvidos para se obter o máximo de aproveitamento do uso dos solos e reduzir os riscos de impactos ambientais negativos, que possam eventualmente ser detectados e previamente mitigados. Além dos melhoramentos genéticos, houve também a introdução de novas práticas de cultivos, como requisitos obrigatórios para licenciamentos ambientais pelos órgãos competentes, entre eles, os recuos legais das áreas de preservação permanentes (APP), nascentes e cursos d'águas e áreas de proteção ambiental legalmente manejadas.

Enfim, todo esse contexto é bom ou ruim para a equilíbrio do meio ambiente?

O cultivo de florestas comerciais em paralelo com áreas de florestas nativas é muito benéfico para a contenção de solos instáveis, como os arenosos e os mistos, não permitindo que ocorra o carreamento de sedimentos causados por erosões que possam assorear os cursos d'águas e favorece a proteção da fauna nativa servindo de corredores ecológicos alternativos para muitas espécies nativa. Os microclimas locais e regionais são beneficiados pelos movimentos cíclicos das águas entre o solo e a atmosfera favorecendo as regularidades das chuvas.

No entanto, aquela velha filosofia que as florestas comerciais consomem muita água e acabam com os mananciais ainda são difundidas sem comprovarem a relação entre ambas. As florestas comerciais, assim como as nativas, são capazes através da fotossíntese e quimiossíntese estabelecer um equilíbrio muito importante no consumo de água alternando sua captação com a atmosfera não dependo exclusivamente da absorção pelo solo. A legislação ambiental assegura que nenhuma cultura agrícola pode ser plantada dentro dos limites de área de preservação permanente (APP), ou outra área de proteção ambiental manejada.

Muitas outras culturas agrícolas movimentam muito mais água que as florestas comerciais, como a cultura de grãos, citrus até as florestas nativas de Cerrado e Mata Atlântica são potenciais condutoras de movimentações hídricas entre o solo e a atmosfera. As florestas comerciais com manejo sustentável são capazes de promover uma sustentabilidade plena entre o fornecimento de matéria-prima para indústria e a proteção ambiental. 

O autor é professor, especialista em recursos hídricos e gestão de riscos, escritor de literatura técnica de recursos hídricos, gestão de riscos e desenvolvimento econômico

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