OPINIÃO

Ah se o governo federal fizesse sua parte!

Por Reinaldo Cafeo | O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil
| Tempo de leitura: 2 min

Bolsa em alta, dólar em queda, investidores voltando a ter apetite por risco, tudo isso seria muito melhor e traria um ambiente de negócios com mais previsibilidade, se o governo Federal fizesse sua parte.

Explicando melhor. O governo, comandado pelo presidente Lula, nunca se comprometeu com o rigor fiscal. Ao elevar os gastos públicos acima do que a arrecadação tributária permite, gerando, portanto, déficit fiscal, o próprio governo, além de aumentar demasiadamente a dívida pública, que ultraa os R$ 9 trilhões, também causa inflação.

A injeção de dinheiro "frio" no mercado, sem lastro em produção, vindo deste gasto excessivo, incluindo transferência de renda, gera um desequilíbrio entre oferta e procura por bens e serviços, obrigando o Banco Central a agir no outro sentido, ou seja, enxugando liquidez do mercado, via aumento da taxa de juros.

Por sinal, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), quando a taxa básica de juros foi elevada em 0,5 ponto percentual, atingindo 14,75% ao ano, deixa claro que além da inflação já existente e das incertezas externas, notadamente no que se refere as tarifas de importação americana, também tem a questão fiscal no Brasil, isto é, o próprio Banco Central alerta para a expansão destes gastos sem a devida receita tributária.

Vamos direto ao ponto. Imaginemos que por milagre, o governo Federal efetivamente optasse pelo controle dos gastos públicos, conseguindo gerar superávit primário (resultado entre receita e despesa, sem computar os juros da dívida pública). Este superávit pagaria parte dos juros da dívida, segurando o crescimento da dívida pública.

O ambiente de negócios seria mais seguro e previsível, estimulando o setor privado a investir na ampliação da oferta de produtos e serviços. O Banco Central por sua vez, observando este movimento, reduziria a taxa juros, quer porque os agentes econômicos perceberiam a queda no risco em financiar o Estado, quer porque a inflação tenderia a ser menor. Juros menores, com superávit primário, novamente menor pressão sobre a dívida pública.

Dívida pública estável, com o Produto Interno Bruto (PIB) sendo potencializado, a relação dívida pública bruta com o PIB cairia, tornando o país extremamente atrativo para os investidores internos e externos. A cotação do dólar tenderia a queda, ajudando ainda mais no controle inflacionário.

Esse raciocínio é tão elementar que qualquer estudante na fase inicial do curso de economia, já domina esta lógica, mas não há como entender, considerando tantos técnicos no governo, que não consigam convencer o teimoso presidente Lula que não há como gerar bem-estar no longo prazo com artificialismo econômico.

É claro que sabemos que entre o populismo barato e seguir os fundamentos econômicos, fala mais alto o populismo, o que nos remete a afirmar: ah se o governo Federal fizesse sua parte!

Infelizmente, a afirmação se torna um sonho que dificilmente se tornará realidade, lamentavelmente. Teimosia não gera crescimento econômico sustentável.

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