Promotor pede pena exemplar por morte de ator de 'Chiquititas'

A Promotoria pediu uma pena exemplar para Paulo Cupertino Matias, 54, réu sob a acusação de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele em junho de 2019. O tribunal do júri entrou em seu segundo dia nesta sexta-feira (30).
O promotor Thiago Alcocer Marin foi o primeiro a falar nesta sexta. Ele apresentou Rafael Miguel para os jurados como o menino que fez o comercial do brócolis, "assassinado de forma covarde".
Segundo ele, foram 12 tiros, sendo 7 em Rafael, 3 em João Alcisio Miguel, pai do ator, e 2 em Miriam Selma Silva Miguel, a mãe.
Rafael, que atuou na novela "Chiquititas" e em comerciais, namorava Isabela, filha de Cupertino. Ele tinha 22 anos, João Alcisio Miguel, 52, e Miriam Selma Miguel, 50.
Segundo o boletim registrado pela polícia, os três foram até a casa de Isabela, no dia 9 de junho daquele ano, para conversar com o pai dela sobre o namoro. As vítimas foram recebidas pela mãe e pela jovem.
Logo depois, Cupertino teria chegado com uma arma e, em seguida, atirado contra as três vítimas, que aguardavam no portão da casa. Todos morreram no local.
O promotor mostrou fotos do local do crime. A intenção era ressaltar que, próximo aos corpos e no bolso de uma das vítima, havia pertences, o que refutaria uma tese de latrocínio (roubo seguido de morte). Alguns dos parentes choraram nesse momento.
Rogério Leão Zagallo, promotor que acompanha Marin, disse ainda que o carro das vítimas não foi levado.
Para Mirian Nunes Souza, uma das advogadas de defesa, o Ministério Público não tem provas de que ele cometeu o crime. "Meu cliente não é assassino. Meu cliente não matou as três vítimas. As testemunhas acham que ele matou, porque ele não se conformava com o namoro da filha", disse.
As advogadas Juliane Santos de Oliveira e Camila Motta Luiz de Souza também defendem Cupertino no julgamento.
Mirian fez ainda menção a uma fala de Vanessa Tibcherani de Camargo, ex-mulher do réu, que deu depoimento nesta quinta-feira (29).
Segundo Vanessa, toda vez que o réu era contrariado, ele a agredia. Em uma das vezes, disse, ele chegou a cortar sua roupa com um facão e bateu nela.
A advogada questionou o fato de o assunto ter sido levantado. "O acusado não está sendo julgado pelo crime de violência doméstica, que foi bastante explorado pelas testemunhas. Qual a lógica que essas informações trazem ao processo?"
Mirian, em seguida, chamou de fantasiosas as falas de Vanessa e Isabela durante o julgamento.
Uma das teses usadas pela defesa é descredibilizar a mídia. Foram exibidas reproduções de reportagens com versões supostamente erradas sobre o crime e sobre abusos que teriam sido cometidos pelo pai contra a filha.
A palavra mídia foi usada diversas vezes pela defesa, na maioria delas, de forma crítica.
"Se vier algo diferente de uma absolvição, não é justo. Os senhores vão dormir tranquilo? Não há provas concretas", disse a advogada em direção aos jurados, quatro homens e três mulheres.
Ao fim de sua fala, a advogada pediu ao juiz, em caso de condenação, aplicação de regime mais benéfico e a possibilidade de Cupertino recorrer em liberdade.
Dois amigos do réu, Wanderley Senhora e Eduardo José Machado, também são réus, sob suspeita de auxiliarem na fuga após o assassinato dos três. Em depoimento nesta quinta, eles negaram as acusações. A Promotoria não se opôs à absolvição dos dois.