
Uma página que promove o dogging – prática de sexo consentido em locais públicos – em São José dos Campos ganhou 400% de audiência em um ano, desde que o assunto foi abordado por OVALE. Além disso, páginas e fóruns na internet convocando pessoas para aderirem ao sexo sem barreiras também estão em ascensão.
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Em outubro do ano ado, OVALE relevou que a prática vem sendo feita em cidades como São José dos Campos, Taubaté e Jacareí. Um dos principais sites de adeptos locais, o ‘Dogging SJC’ ou de 89 membros, em junho do ano ado, para 450 no começo deste mês – 405% de crescimento.
Os membros têm o a vídeos, fotos e conteúdos produzidos por outros adeptos do dogging, além de poderem marcar encontros pela internet.
Além disso, páginas de pornografia na rede mostram vídeos supostamente filmados em São José dos Campos, com casais mantendo relações sexuais dentro de carros e em locais públicos, como ruas e praças.
Num desses sites, um vídeo traz a legenda “Sexo no carro São José dos Campos – Dogging do Poderoso”. Outra página anuncia “Dogging Urbanova – Teia de bunda”. Ambas as gravações têm centenas de visualizações.
Nesta semana, causou polêmica um vídeo que circula nas redes sociais mostrando um casal em atos obscenos do lado de fora de um carro, na rua, no bairro Urbanova, na região oeste de São José dos Campos.
Urbanova.
Bairro de região nobre da cidade, Urbanova é um dos principais destinos de praticantes de dogging em São José, em razão de ser um local afastado e com pontos de pouca movimentação, principalmente à noite.
Há um site chamado ‘Dogging Urbanova’ cujos participantes recomendam locais para a prática no bairro, como entre a rua Pássaro Preto e a avenida das Siriemas. O local é afastado e fica próximo a grandes condomínios de luxo.
Na página também há dicas de como os interessados na prática devem se comportar: “Vista legal, vários carros param ali, alguns para ver a vista outros caçando alguém a fim de sexo. Casais às vezes procurando dogging. Desça a rua, de uma volta, acenda a luz de dentro do carro ou fique do lado de fora se estiver afim de algo e não de privacidade”, diz trecho do site.
A publicação recomenda que o horário preferido seja sempre à noite e classifica o bairro como de afluência “média” de participantes, mas com intimidade “alta”.
Cidades.
Na página ‘Dogging SJC’, os organizadores afirmam que o fórum tem como objetivo “trazer o dogging para São José” e diz que a prática tem “local fixo” na cidade. Os interessados são incentivados a comentar no grupo para marcar encontros sexuais em público.
‘Dogging Taubaté’ também já conta com perfil na internet, mas ainda sem publicações. Também há menção à prática em fóruns na internet que citam a cidade como ponto de encontro de casais interessados no dogging.
Em inglês, uma página dá dicas de como encontrar adeptos do dogging em Jacareí e outras cidades da região. É preciso fazer um cadastro e indicar as preferências sexuais. O site funciona como uma espécie de Tinder para encontros sexuais públicos.
O termo dogging surgiu na Inglaterra, nos anos 1970, impulsionada por quem desejava ter sexo com desconhecidos. Atualmente, a prática consiste em relação sexual ao ar livre e muitas vezes com pessoas assistindo, além de participar.
Fiscalização.
A Prefeitura de São Jose dos Campos informou que as 1.200 câmeras do CSI (Centro de Segurança e Inteligência) monitoram a cidade 24 horas por dia e qualquer ato obsceno ou ilícito, se flagrado, será conduzido pelas forças policiais à Central de Flagrantes.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, seguido por todos os católicos, a prática de fazer sexo em locais públicos pode ser comparada à pornografia. O apontamento é da Diocese de São José dos Campos.
Segundo a entidade, o pensamento da Igreja Católica acerca da prática de sexo ao ar livre e como exposição ao público pode ser compreendido a partir do parágrafo 2.354 do Catecismo da Igreja Católica.
O trecho diz que a pornografia “consiste em retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros, para os exibir a terceiras pessoas, de modo deliberado”. Segundo o documento, este ato “ofende a castidade, porque desnatura o ato conjugal, doação íntima dos esposos um ao outro”.
É ainda um “grave atentado contra a dignidade das pessoas intervenientes (atores, comerciantes, público), uma vez que cada um se torna para o outro objeto dum prazer vulgar e dum lucro ilícito”.
No entanto, a Diocese de São José destacou que cabe às autoridades civis e policiais fiscalizarem a prática de dogging na cidade, com base no que diz a Constituição Federal e as leis municipais no tocante ao respeito e à preservação da dignidade das pessoas, ao cuidado com a educação das pessoas vulneráveis e no zelo pelo pudor e o que o ofende.