
A Semac (Secretaria Municipal da Ação Cultural de Piracicaba) homologou a licitação 60/2023, que prevê a reforma do Centro Cultural Nhô Serra, localizado na rua Antônio Ferraz Arruda, 409, no bairro Parque 1º de Maio.
Com investimento total de R$ 295 mil, a empresa vencedora é a Projecon Projetos e Construção Civil Piracicaba LTDA. O termo de homologação foi publicado na última terça-feira, 23/04, no Diário Oficial.
A obra no Centro Cultural Nhô Serra contemplará novas instalações elétricas, nova pintura, novo calçamento e outras reformas estruturais, além de troca de telhado, piso e reforma hidráulica e nos sanitários.
O Centro Cultural Nhô Serra existe desde 2006, implantado nas dependências da antiga Escola Estadual Mário Chorilli. O local tem diversos espaços para uso da população, como dois pátios, três salas, uma delas com amplo espelho em uma parede, ideal para aulas de dança, além de uma área a céu aberto com árvores.
Quem foi Nhô Serra?
O equipamento da Semac homenageia Sebastião da Silva Bueno, conhecido como Nhô Serra, um dos mais famosos cantadores de cururu de Piracicaba. Ele nasceu em 1927 e faleceu em março de 2015, aos 87 anos. Como legado de sua arte, Nhô Serra deixou mais de 300 composições.
Em publicações em "A Província", o colunista do JP, Cecílio Elias Netto, falou muito de Nhô Serra.
"É um dos amigos queridos que se foram. Ao lado dele, vivi maravilhas. Certa vez, num Cursilho de Cristandade – em cujos trabalhos fomos companheiros – Nhô Serra se propôs a “ler a mão” das pessoas. Falava e acertava. Então, um jovem frade – querido por todos, tido como um vocacionado especial – estendeu a palma da mão para Serra “ler”. O curureiro viu, calou-se, não quis falar. O frade insistiu. Nhô Serra, meneando a cabeça, falou: “Tem uma loura aí, né?” O frade enrubesceu. Poucos meses depois, sumiu. Com a loura", contou o escritou, em um de seus textos.
Sobre o cururu, Elias Netto falou tudo:
"Quem ouve cururu uma vez – mas cururu de verdade, sério, clássico – não esquece jamais. É farsa isso que se chama de “música sertaneja”. De sertaneja, não tem nada. As falsas duplas caipiras trucidam a música de viola, matam de dor a alma de Catulo. Se o sertão quase se acabou, a alma dele permanece. Nada tem a ver com “country”. Sertanejo melancoliza-se aos gemido de viola à beira rio, sob um rancho coberto de zinco ou de sapé, à luz do luar. Há quem confunda modismo com raízes. O cururu é para quem tem ouvido de ouvir. O grande Mário Dedini reunia empresários, os “socialites” de São Paulo, políticos para que, embasbacados, ouvissem o cururu de Pedro Chiquito, de Parafuso e, também, de Nhô Serra. Maravilhada, a imprensa brasileira escrevia das maravilhas do folclore piracicabano"