RECONHECIMENTO

Cientista formada pela Esalq vence ‘Prêmio Nobel’ da Alimentação

Por Da Redação | Jornal de Piracicaba
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Divulgação
Mariangela Hungria é reconhecida como uma das maiores cientistas do Brasil
Mariangela Hungria é reconhecida como uma das maiores cientistas do Brasil

A engenheira agrônoma Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), venceu o Prêmio Mundial da Alimentação, uma das mais importantes honrarias globais na área, por suas contribuições ao desenvolvimento de insumos biológicos que transformaram a agricultura no Brasil. Natural de Itapetininga, Mariangela é formada pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), e tem mestrado, doutorado e pós-doutorado no Brasil, Estados Unidos e Espanha, e acumula diversas condecorações, como a Ordem Nacional do Mérito Científico e o Prêmio Mulheres e Ciência, recebido em 2025.

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Reconhecida como uma das principais referências em microbiologia do solo, Hungria lidera há mais de 40 anos pesquisas que possibilitaram a criação de tratamentos biológicos aplicados a sementes, promovendo aumentos significativos de produtividade e reduzindo a dependência de fertilizantes químicos. As tecnologias desenvolvidas por sua equipe já foram utilizadas em mais de 40 milhões de hectares no país, gerando uma economia anual estimada em US$ 25 bilhões aos produtores.

Com mais de 500 publicações científicas, ela também foi responsável pela criação do primeiro manual de microbiologia do solo adaptado às condições tropicais. Seus estudos contribuíram para o avanço da fixação biológica do nitrogênio, processo natural em que microrganismos transformam o nitrogênio atmosférico em formas assimiláveis pelas plantas.

A pesquisadora foi pioneira na aplicação comercial das bactérias Azospirillum brasilense e rizóbios em culturas como soja e feijão. A utilização conjunta dessas bactérias tem resultado em ganhos de produtividade expressivos, colocando o Brasil na liderança mundial na produção de soja com uso de bioinsumos.

Apesar do protagonismo brasileiro no setor, os insumos biológicos ainda representam uma pequena parcela do mercado nacional, que segue fortemente dependente de fertilizantes importados — cerca de 85% do total consumido no país. A pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia reforçaram a urgência de alternativas internas, impulsionando o reconhecimento e a aplicação das soluções propostas por Hungria e sua equipe.

O prêmio, entregue em Des Moines, Iowa (EUA), reconhece indivíduos que promovem melhorias significativas na qualidade e disponibilidade de alimentos no mundo. Criado em 1986, a premiação já homenageou outros três brasileiros: os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paolinelli, em 2006, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011.

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