BAURU

Sensação de insegurança nas ruas leva drama a famílias bauruenses

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Douglas Reis/JC Imagens
Vista aérea de Bauru: cidade vive sensação de insegurança
Vista aérea de Bauru: cidade vive sensação de insegurança

É difícil encontrar um morador da zona Oeste, Noroeste e adjacências que não tenha algum vizinho ou conhecido cuja residência não tenha sido furtada nos últimos meses.

A insegurança nos domicílios em Bauru deixou de ser apenas uma sensação: tem se tornado cada vez mais parte do cotidiano da população - que, em alguns casos, evita até sair de casa em determinados horários.

Isso acontece apesar dos esforços da Polícia Militar (PM) no combate à criminalidade - muitas vezes, policiais encontram pessoas que prenderam no dia anterior (leia mais em PM intensifica ações sobre ferros-velhos; SSP cita queda) - atinge diretamente os bairros Vila Falcão, Jardim Bela Vista, Vila Independência, Alto Paraíso, Vila Industrial e Vila Pacífico, embora outros locais também sofram situações do gênero.

Na Falcão estão concentradas as maiores reclamações de moradores, que em 2023 chegaram a fazer um abaixo-assinado pedindo providências com relação à segurança, medida que até agora não chegou.

Muitos, como a comerciante Ellen Brobatti, gostariam de ver o retorno da antiga delegacia da Polícia Civil na avenida Daniel Pacífico, desativada pelo Governo do Estado há mais de uma década, o que não vai acontecer: o prédio foi incorporado pela Prefeitura de Bauru para se tornar um Centro de Referência em Assistência Social (Cras).

É justamente na Daniel Pacífico que reside a maior parte do problema na Falcão. Ponto de venda de drogas, dali saem usuários que perambulam da noite até o amanhecer na parte baixa da Vila Falcão, afastando moradores e causando medo com batidas em portões e até invasões a residências.

"Na minha já entraram mais de uma vez", conta o aposentado Francisco Carlos, 71 anos, morador da Falcão desde que nasceu. Na última ocasião, ocorrida recentemente, criminosos simplesmente cortaram a concertina afixada sobre o muro para invadir o domicílio. "Levaram a extensão, umas máquinas, furadeira, lixadeira. Levaram tudo", explica.

"Para mim, que há 71 anos moro aqui, a coisa está feia. E nunca esteve desse jeito. Dá uma sensação de impotência. Os 'nóias' tomam conta de tudo", lamenta o aposentado.

Segundo ele, proprietários não conseguem vender seus imóveis na Falcão por causa da insegurança - não há comprador disposto a topar a empreitada, afirma. "Muitas casas estão à venda, mas você não vê placa. Porque se coloca placa alguém vai invadir", menciona.


Gerson Machado e Wagner Gomes veem situação complicada na Falcão (Foto: André Fleury Moraes)

Gerson Leonel Machado, 62 anos, mantém há anos uma oficina na Vila Martha, parte baixa da chamada "grande Falcão", e é testemunha ocular do que chama de degradação da região nos últimos anos.

"Aqui se tornou rota dos 'nóias'. Ontem mesmo entraram na casa aqui da frente e roubaram o que um aposentado havia recebido. Na semana ada pularam o portão aqui do lado e fizeram a limpa", conta.

Outro aspecto que corrobora na piora da Falcão envolve a coleta de lixo, afirma o aposentado Wagner Gomes Neves, 77 anos.

Antes os caminhões da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano (Emdurb) avam às 18h; desde o ano ado, porém, a coleta ou a ser feita às 7h. Quem deixa o lixo para fora na noite anterior muitas vezes acorda com resíduos espalhados na calçada porque moradores em situação de rua ou mesmo um porco que sai pelas ruas da Falcão durante a madrugada reviram os sacos.

Em nota, a Emdurb afirmou que "nesta semana o setor foi feito o serviço na parte da tarde porque tivemos problemas com o caminhão, o que acaba atrasando um pouco". Não comentou, porém, as queixas relacionadas à mudança no horário.

Não é muito diferente no Jardim Bela Vista. Uma moradora de 55 anos que preferiu não se identificar relatou ao JC que a residência da família foi invadida e furtada durante a madrugada no início de maio. O ladrão só não entrou na casa porque foi impedido pelo cachorro. Os latidos acordaram o irmão da moradora, que dormia no imóvel naquela noite. O rapaz tentou levar consigo a moto do proprietário, mas abandonou o veículo na rua durante a fuga.

Não bastasse, na noite seguinte a vítima da vez seria a residência logo à frente, onde mora um casal de idosos. O crime só não se consumou porque o morador, policial aposentado, ameaçou pegar a arma, segundo a moradora.

Na quarta-feira (7), episódio semelhante ocorreu também no Bela Vista. Um homem de 46 anos foi agredido durante a tarde após impedir que um suspeito fugisse levando cerca de 10 quilos de cabos retirados de sua residência, avaliados em aproximadamente R$ 4 mil. A Polícia Militar (PM) foi acionada e o acusado, detido pela vítima, foi preso em flagrante por furto, ameaça e lesão corporal.

Já no Centro de Bauru, por sua vez, uma mulher de 40 anos pegou uma air fryer de uma loja e, ao ser flagrada pela vendedora, ameaçou-a de morte. Ela foi presa em flagrante pela Polícia Militar (PM) e autuada por roubo impróprio, permanecendo à disposição da Justiça.

No início da semana, na segunda-feira (5), um homem furtou um saco com mais de 30 quilos de lacres de latinhas de alumínio de um ponto de coleta no Parque Paulista, região do Redentor. O crime ocorreu durante a madrugada e foi registrado por câmeras de segurança. O material seria revertido em castrações de cães e gatos em situação de rua ou de animais cujos tutores vivem em situação de vulnerabilidade social.

No final de abril, um homem de 32 anos foi preso após furtar 30 metros de fios de um estabelecimento comercial no Centro. Ele foi flagrado pela Polícia Militar na manhã de um domingo, escondido no forro do imóvel. A equipe foi chamada após o proprietário perceber a falta de energia elétrica no local e suspeitar de furto.

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