COLUNISTA

Amar como Deus ama

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

No Evangelho da santa Missa deste quinto domingo da Páscoa, tirado em João 13,31-35, Jesus disse: "Filhinhos, Eu vos dou um mandamento novo: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei". É uma grande novidade. Segundo esta extraordinária notícia, somos induzidos a compreender que nós, criados à imagem de Deus, só podemos ser semelhantes a Ele na semelhança do seu amor. Se Deus é amor, então, somos amor também. E vocacionados a amar na medida e na maneira do amor de Cristo, "como Eu vos amei", conforme disse. Se antes, conforme os dez mandamentos da lei de Deus, devemos amar o próximo como amamos a nós mesmos, a partir de agora devemos amar uns aos outros como Cristo nos amou. Se Cristo nos amou sobretudo encarnando-se, perdoando e morrendo, assim temos de amar também, perdoando a todos, socorrendo o pobre e necessitado, dando a vida até o fim pelo bem dos de perto como os de longe, como Ele o fez. Expressão de sua última vontade, este é o testamento de Jesus, deixado antes dEle encaminhar-se para o momento da sua glorificação, ao dar seus primeiros os rumo a exaltação na cruz e glorificação nos céus. Lembremos destas palavras do Papa Francisco: "Cristo pôs sobretudo a lei do amor e do dom de si mesmo aos outros e fê-lo através de um princípio que um pai ou uma mãe costumam testemunhar na sua própria vida: Ninguém tem maior amor do que quem dá a vida pelos seus amigos". Lembremos também do que disse Jesus: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros".

Na primeira leitura da santa Missa, em Atos dos Apóstolos 14, 21b-27, São Lucas conta que Paulo e Barnabé estavam muito empenhados na obra missionária de evangelizar e de abrir as portas da fé para os pagãos. Não obstante terem ado por muitos sofrimentos, nesta sua primeira viagem apostólica e missionária, vinham obtendo grande êxito na evangelização. Regozijavam-se por terem fundado muitas comunidades. Informavam também que à frente destas comunidades colocavam presbíteros, homens escolhidos sob a inspiração do Espírito Santo, ministros que eles ordenavam para servir a Deus, servindo o seu santo povo, os quais confiavam ao Senhor, com orações e jejuns.

Na segunda leitura - Apocalipse 21-1-5ª - João, o vidente, fala do triunfo final e eterno da Igreja, usando a imagem da nova Jerusalém: "Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, vestida qual esposa enfeitada para o seu marido". E que ouviu uma voz forte saída do trono que dizia: "Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles. Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor... Eis que faço novas todas as coisas". E que esta voz disse a ele, João: "Escreve, porque estas palavras são dignas de fé e verdadeiras". Na antiga Aliança, os rabinos sonhavam com um arquétipo de Jerusalém vista como símbolo da Aliança e esposa de Javé. Na nova Aliança, agora, com São Paulo, ela é tomada como a imagem do Cordeiro unido com seu povo, a esposa de Cristo, a mãe da Igreja e a nossa mãe.

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