
Palco para artistas consagrados e de bandas locais, o Jack Music Pub, um dos principais redutos culturais de Bauru, fechará as portas no dia 5 de julho, depois de 25 anos de história na cidade. Caio Richieri, proprietário do espaço desde 2009, optou pelo encerramento do ciclo para perseguir um sonho de infância fora do País.
aram pela casa de shows nomes como Matanza, NX Zero, Raimundos, M 22, Gabriel o Pensador, Tico Santa Cruz, Blaze Bayley (vocalista do Iron Maiden), Paul Di'Anno, C. J. Ramone e muitos outros. Com capacidade para 560 pessoas, o Jack foi cenário de apresentações que, à época, pareciam improváveis para uma cidade do porte de Bauru, comenta Caio.
“A gente trouxe o Angra logo depois de uma turnê internacional na Europa. O Sepultura também tocou aqui. Até a polícia ligou perguntando se queria reforço, com medo de confusão”, contou.
Mas o Jack não foi apenas uma casa de grandes bandas. Muitos grupos autorais e locais encontraram ali seu primeiro palco. “Jamais negamos oportunidade para quem queria tocar. Durante muito tempo, fomos o único espaço em que essas bandas tinham para tocar”, acrescentou.
Além do papel fundamental de fomentar e apoiar o rock no Interior Paulista, o Jack também se preocupou com iniciativas sociais. Em 2011, realizou uma das primeiras campanhas do agasalho pendurando um cabide em uma árvore. A ideia ganhou repercussão nacional e internacional, chegando a ser noticiada por sites na Alemanha e Holanda. “Na época, ninguém fazia isso. Fomos pioneiros”, lembrou. A casa também arrecadou água para Brumadinho e organizou diversos eventos beneficentes.
Além dos shows, o espaço ficou conhecido por festas temáticas criativas que ocorriam às vésperas de feriados, como o "Aniversário de Springfield", "Independência de Springfield", inspirado nos Simpsons e nas datas comemorativas, que se tornou tradição na cidade entre 2015 e a pandemia.
Para Caio, no entanto, o maior legado do Jack foi transformar clientes em amigos. “Já tivemos pessoas que frequentaram e faleceram. Ali fizemos casamentos, festas de batizados, por exemplo. Conheci gente com 15 anos que hoje tem filhos e até netos. O Jack foi uma casa de família, onde todos se sentiram acolhidos. Tudo que fizemos foi no sentido de trazer as pessoas para o nosso espaço. Por isso são apaixonados pelo Jack até hoje”, disse.
Essa relação dos clientes com a casa está explícita nos comentários nas redes sociais na postagem em que Caio anunciou o fechamento do bar. “Recebemos mensagens de despedida, gente querendo fazer abaixo-assinado para não fecharmos. Não teve um comentário negativo. Isso mostra que fizemos algo importante”, disse emocionado.
O espaço continuará como casa de shows, mas com novo nome e gestão. Caio, aos 49 anos, encerra um ciclo, mas deixa uma marca que atravessou gerações em Bauru. Por isso, ele não descarta a possibilidade de um retorno. “Estou preparando um vídeo para dizer que estamos fechando a porta, mas não encerrando a história. Quem sabe um dia, se o Gordon acender o ‘batsinal’, a gente não volta?”, diz.
Em terras estrangeiras
Com a decisão de encerrar as atividades, Caio se despede para seguir um antigo sonho de viver na Itália e aprofundar a pesquisa sobre as raízes de sua família. Lá, já inaugurou o Jack Café, como uma homenagem ao bar e no intuito de manter viva a marca construída com tanto empenho.
Os órfãos do Jack terão oportunidade de se despedir em uma série de shows que acontecem até o último dia de funcionamento (veja programação abaixo).
- 06.06 - Charlie Brown - Viva F3
- 07.06 - Última Flash Back do Jack
- 13.06 - Evento Beneficiente
- 14.06 - Bailao Nerd
- 18.06 - Nosso Último Apoio à Cena Autoral
- 20.06 - Slipknot Cover
- 21.06 - Renato Nascimento Legião Urbana Cover
- 22.06 - Esteban Tavares
- 27.06 - Lá Última Dança Banda Rádio
- 28.06 - System Of A Down Cover
- 04.07 - Linkin Park Cover
- 05.07 - A Última Ceia

