
Acabou. A partir de hoje todos os boloteiros estão proibidos de colocar ou manter suas barracas e trailers em áreas públicas de Franca. Bares e restaurantes também iniciam uma nova fase: estão proibidos de colocar mesas e cadeiras nas calçadas, a menos que deixem um espaço livre de no mínimo dois metros. A proibição teve início por iniciativa do Ministério Público - acatada pela Prefeitura. Quem insistir em continuar terá o material de trabalho apreendido, além de ser multado em R$ 2 mil por dia.
A proibição já não é surpresa para os comerciantes informais, mas causará impacto imediato na vida de muita gente. Especialmente em quem acreditava que uma lei aprovada pela Câmara Municipal - e sancionada pelo prefeito Sidnei Rocha (PSDB) - garantiria a permanência nos espaços e não encontrou alternativa para se manter. Quem se encaixa nesse perfil não tem prazo para voltar a trabalhar. Se nada mudar, terá de ganhar uma licitação, que não tem prazo sequer para ser aberta, instalar banheiros em seu bolota e abolir mesas e cadeiras.
Aos 64 anos, a aposentada Odete Ferreira perderá a renda que complementa o orçamento da família. Proprietária de um trailer de lanche e fogazza na Avenida José da Silva, Dete, como é conhecida, terá que fechar as portas. Ela vive com o marido, que está desempregado, em uma casa alugada por R$ 250 no Jardim Guanabara. Banca, ainda, as despesas com alimentação, água e energia elétrica. “Só a aposentadoria jamais dará. Não vai ser fácil para a gente”, disse.
Cláudio Valêncio, marido de Dete, também trabalha no trailer. Os dois estão há seis anos no ponto e dizem que procuram zelar do local que ocupam. Cuidam, sozinhos, da manutenção da praça de esportes do Jardim Guanabara. Enquanto Dete lava os banheiros e vestiários, Cláudio fica responsável por podar a grama e varrer a calçada. “Ficamos três dias de portas fechadas e quando voltamos isso aqui estava uma bagunça. Sempre fizemos a nossa parte, mas (...) não encontramos a contrapartida do município”, reclamou Cláudio. “Acho que a praça vai ficar abandonada”, completou Dete.
Adeny Viana, 22, proprietário de um carrinho de lanche na Avenida Integração, está preocupado. Além de não saber o que fará de agora em diante para se manter, terá de dispensar cinco funcionários. “Não tenho para onde ir. Estávamos na esperança de ficar”, disse. “É uma pena ter de dispensar um pai de família que trabalha para comer. Além disso, a renda do trailer significa minha vida. É daqui que eu vivo”, completou Viana.
Dete e Adeny não são os únicos apreensivos com a situação. O Comércio visitou 12 carrinhos de lanches na noite de segunda-feira. Desses, pelo menos em sete os comerciantes disseram estar “sem rumo”. Muitos já pensam em voltar ao trabalho de origem. É o caso de Vilmar da Silva, que há três anos deixou de ser garçom para montar um trailer na Avenida Abrahão Brickmann. “Não pretendia voltar (a ser garçom), mas tenho que manter a casa”, disse.
dos boloteiros, o promotor Fernando de Andrade Martins disse que a lei tem de ser respeitada e que todos devem deixar as áreas.
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