
As internações por doenças inflamatórias intestinais (DIIs) aumentaram 61% no Brasil nos últimos dez anos, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SB) com dados do SUS. Em 2024, foram 23.825 hospitalizações contra 14.782 em 2015. Em Jundiaí, os registros do Hospital São Vicente mostram um total de 37 internações ao longo do último ano, com picos nos meses de julho (8) e novembro (5).
Apesar do crescimento nacional, Jundiaí registrou queda nas internações no início de 2025. De janeiro a abril deste ano, foram contabilizadas apenas quatro hospitalizações por doenças inflamatórias intestinais no Hospital São Vicente, contra 12 no mesmo período de 2024.
As doenças inflamatórias intestinais mais comuns são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. A gastroenterologista Larissa Roseiro explica que são patologias crônicas, de causa multifatorial, que afetam o intestino e comprometem a qualidade de vida. “Os sintomas mais frequentes são diarreia, dor abdominal, perda de peso, sangue nas fezes, anemia e fadiga constante”, afirma
Ela ainda ressalta a importância do diagnóstico precoce para evitar complicações. “É fundamental correlacionar sintomas com exames como colonoscopia, biópsias e testes laboratoriais. Com o tratamento adequado, o paciente pode atingir remissão e recuperar sua qualidade de vida”, diz.
Débora Oliveira, moradora de Jundiaí, recebeu o diagnóstico de Doença de Crohn aos 21 anos, após um ano de idas e vindas aos hospitais. Inicialmente tratada por apendicite, descobriu a real condição após exames mais detalhados. “Foi um processo difícil. Imagine há 30 anos, sem a tecnologia de hoje”, conta.
Durante uma crise, Débora lembra que perdeu completamente sua autonomia: “Não tinha forças para cuidar da casa nem da minha filha, de 9 meses. Fiquei 6 meses afastada do trabalho, só conseguia ficar na cama por causa das dores”.
Hoje, aos 51 anos, ela afirma ter reencontrado o equilíbrio com o acompanhamento especializado em Jundiaí. Mudou a alimentação, ou a fazer exercícios físicos e segue tratamento contínuo. “Já fiz três cirurgias, e a doença pode se reativar. O emocional também influencia muito, mas com apoio familiar e mentalidade positiva, é possível ter uma vida normal”, compartilha.
O tratamento das DIIs é individualizado e envolve diferentes estratégias, de medicamentos imunobiológicos. Em casos graves, a cirurgia ainda pode ser necessária. “Estamos avançando, e cada vez mais pacientes conseguem manter a doença sob controle com boa qualidade de vida”, afirma a médica.
Débora deixa um recado para quem enfrenta o mesmo desafio “O mais importante para quem convive com a Doença de Crohn é saber que você é mais forte do que imagina. A felicidade e a fé são fatores primordiais para seguir em frente e ser feliz”.